sexta-feira, 30 de julho de 2010

O pintor


- Quer um copo d´água, senhor? Tá muito quente hoje.
- Aceito sim, obrigado.
Ele não olhava nos olhos, ficou cego do mundo, dizia.
(...)
- Também não gosto de falar com quem conheço, moça... a vida até parece que empurra as verdades contra a gente. Só tive vida enquanto ele era vivo, moça. Meu filho, tão pequeno ser levado assim... A gente prefere ir junto...
Os moradores ficam pedindo pra eu não cair daqui, pra não assustar o prédio... Imagina... eu estou no décimo andar, quase que pertinho de Deus... pinto a fachada do prédio e cada pincelada é um esquecimento do hoje. O medo quem faz é a gente... Era isso que eu queria, não ter mais medo, moça... Vivo pra dizer que eu tô bem.

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Fui ao banheiro lavar meu rosto. Peguei a toalhinha pra enxugar... Do lado dela apareceu uma formiguinha... Só. Os azulejos do meu banheiro, eles são meio manchados. Eu mesma nunca reparei. Pois que aquela formiguinha estava andando em círculos (se não me falha a memória, as formigas andam juntas, pelo rastro não se perdem e, por isso, seguem umas as outras até chegar ao destino). Não sei por que, mas parei algum tempo ali em frente e imaginei uma vida inteira... Ela andava sobre as manchas, às vezes reto, às vezes pra trás, às vezes parava... E, às vezes, parecia que ela seguia o contorno das manchas do azulejo só porque não sabia mais tentar. Ela não sabia voltar. Eu não sabia para onde. 

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A nova faculdade e alguns infames...

Pois bem, adoro ver e sentir essa vibração que o novo e os novos trazem tão gentilmente e gratuitamente para alimentar a minha alma. De modo que não me sinto confortável quando pressinto que alguma coisa está desajustada ao clima. Sei como é fácil se encantar por ideias e como as ideias ruins podem ser bem disfarçadas e promovidas imprudentemente.
Nessa nova faculdade que frequento, diga-se de passagem OPOSTAMENTE PROPORCIONAL em visões ideológicas àquela que eu cursei anteriormente, existe um senhor que leciona a matéria "História do Direito e das Instituições Jurídicas". Antes de mais nada, quero dizer que fucei o lattes do indivíduo e me assusta, claro, cada vez que isso acontece: um CV impecável, artigos e pesquisas sem fim, participação em muitas bancas etc. Esse fulano não faz muita questão de se mostrar sociável, mas isso me parece tão comum na graduação de Direito, que ando me “acostumando” à rispidez e à arrogância. Então, o cara desde nunca se mostrou muito bacana em sua postura de professor, mestre, educador... até aí, cada um com seus problemas, certo? Errado. Quando essa postura deselegante ultrapassa o próprio ego e ameaça a integridade do livre pensamento dos novos, ativo olhos e orelhas e pele para o perigo.
Amigos, NÃO acreditem em tudo o que dizem os velhos sabichões de CVs impecáveis! Não acreditem que fulaninho médico teve uma ideia genial ao determinar o “criminoso nato” por suas características físicas! Não apostem que algum tipo de determinismo possa solucionar questões, ou justificar algum tipo de (in)justiça. Pesquisem os fatos, desenvolvam o pensamento crítico antes de absorver as informações, leiam incansavelmente Foucault, Nietzsche, Boudelaire, Benjamin e cia. E se apeguem ao que disse um tal de Lacan, que estudou bastante a bilolice alheia: “Para a babaquice não existe cura.”


Teste

Testando qualquer coisa por aqui... porque a inabilidade com a tecnologia faz parte das infindáveis travas do Gauche.